BRINCADEIRA DO BOI - Dia 12 de março de 2007 vi pela TV um cidadão de Governador Celso Ramos dizer que apoiava a Brincadeira do Boi porque o bisavô dele brincava com o boi, o avô e o pai, também. E que isso se constituía em uma tradição.
Até concordo que seja uma antiga tradição.
Digo até mais: é uma herança genética em que a estupidez passa de pai para filho. "Ta" provado!
Duvido que esse mesmo cidadão tenha coragem de dizer que é analfabeto porque seu bisavô, seu avô e seu pai tinham sido de poucas letras. Duvido!
Tentar justificar a brincadeira que envolve um ser vivo irracional, incapaz de defesa e que reage instintivamente às provocações que lhe são impostas com o fato de que na Espanha se praticam tais atos, é cinismo puro, pois todos sabem que os espanhóis cultivam essa tradição por estupidez e ganância e pela necessidade de auto-afirmação como machos, ignorantes que são de que os órgãos que carregam entre as pernas os fazem machos, assim como aos touros, aos bodes, aos porcos e burros e aos cães, mas jamais farão deles homens, seres racionais, capazes de entender que a exaustão a que são levados esses pobres animais, é um dos piores tormentos que se pode infringir a um ser vivo. Se não acreditam, tentem continuar correndo quando já estiverem pondo os bofes pela boca. Para dar maior realismo, peçam que alguém os acicate, os aguilhoe, os espetem com uma vara pontiaguda...
A brincadeira do boi é tão cruel quanto as brigas de galos, as brigas de cães, as brigas de canários e as lutas do gladiadores.
Querem ganhar dinheiro? Querem empregos, renda, riqueza? Querem notoriedade para o município?
Aí vão algumas sugestões, de graça:
1. Comecem por retornar a cidade ao antigo nome: Ganchos. Por que o nome de um político? Por melhor que tenha sido (e provavelmente não aparecerá outro igual) jamais foi unanimidade.
2. Anos atrás à certa altura da estrada que vai a Ganchos havia um pequeno mirante, de onde se descortinava uma das paisagens mais fantásticas do Planeta. Desapareceu. A vegetação impede totalmente a visão da incomparável beleza da baía de Ganchos e arredores.
Recuperem o belvedere.
3. Construam teleféricos por sobre as baías.
Já imaginaram quantas pessoas acorreriam a Ganchos pelo prazer da viagem aérea por sobre as baías?
4. Levem os turistas a expedições fantasiosas de caça à baleia como faziam os antigos açorianos que do mar tiravam seu sustento sem ameaçar as espécies e sem crueldade.
5. Levem turistas a passeios pelas baías em barcos a remo, como os antigos. Quantos jovens fortes teriam aí uma oportunidade de trabalho?
6. Pesquisem a culinária açoriana. Retornem aos restaurantes da cidade os sabores que foram esquecidos no decorrer dos séculos. Treinem garçons, atendentes, guias turísticos.
7. Encontrem gente capaz de reproduzir o artesanato que havia na região e formem artesãos.
8. Criem um parque de murais no qual os artistas do mundo pudessem reproduzir as ricas histórias dos pescadores, da brincadeira do boi, do boi-de-mamão, das bruxas, das rezas, das esperanças, dos amores, dos desejos e dos sonhos do povo de Ganchos. Façam com que a tinta nas telas, as pastilhas dos mosaicos, a formas esculturais do mármore, do granito e da cerâmica sejam vistas pelo mundo.
9. Revivam as tradições das danças folclóricas do açorianos e dos portugueses.
De mil outras coisas, por certo, serão capazes os povos dessas maravilhosas baías, praias, enseadas e costões que causam profunda impressão pela beleza incomparável a quem quer que a veja.
Troquem a brincadeira burra, estúpida e ilegal de alguns dias, pela oferta permanente da mais fantástica beleza e dos prazeres simples que a acolhida de Ganchos vocacionalmente pode oferecer aos turistas.
Dêem a Ganchos a oportunidade de desenvolver o turismo para o qual tem vocação natural.
Dinheiro tem!
Para quê, senhor Prefeito de Governador Celso Ramos, agradar um milhar de eleitores em Ganchos e ser execrado pelo resto do País? A sua carreira política vale tão pouco? Torne-se conhecido como o prefeito que foi capaz de acabar com uma brincadeira de mau gosto e de pôr sua cidade no roteiro turístico do mundo.
Biguaçu (SC), 13 de março de 2007.