A VIDA
Elói Inácio Carmezini
A Vida está latente no Universo.
Ela sempre se manifesta quando se oferecem condições ideais para seu aparecimento.
As provas científicas são a concepção natural, a clonagem e a fecundação “in vitro”.
Notem bem que eu estou a dizer que ela se manifesta e não que se cria, ao se completarem as condições essenciais ao seu aparecimento.
A criação de Vida pertence a Deus, embora eu tenha certeza que a Vida seja uma manifestação da Divindade, de cuja Essência faz parte.
Em Gênesis 2,7 lemos que “Deus formou o homem com pó da terra, e insuflou em suas narinas um hálito de Vida, e, deste modo, o homem se tornou um ser vivo.”
Em momento algum está escrito que Deus fez a Vida.
Mas diz claramente que o homem se tornou um ser vivo quando lhe foi insuflado um hálito de Vida nas narinas. Ou seja: respirou.
Deus não criou a Vida por uma razão muito simples: Ela é parte de Dele. Mais: a Vida é eterna, tal qual Deus.
A Vida é o que chamamos de espírito ou alma, que cremos eternos. Eu sei que são eternos.
Se o feto não respirar, não viverá de forma alguma. O corpo formado para se transformar no “templo do Espírito Santo” (1 Cor.6, 19), simplesmente não viverá, pois faltar-lhe-á o hálito da Vida.
Portanto, a fecundação e a gestação nada mais são do que a formação do conjunto de condições para que o feto, uma vez expelido do ventre materno, respire e viva. Nesta ordem.
Antes disso, a Vida não está aí.
Se estiver, alguém me prove isso! Render-me-ei às provas, não aos sofismas.
Será apenas um corpo, até munido de movimentos reflexos, portador de códigos genéticos suficientes e necessários para sua evolução, depois da penetração do sopro da Vida. Como se fora um corpo mantido artificialmente com o coração a pulsar, depois da morte cerebral.
Todos nós sabemos que o cérebro, privado de oxigenação por determinado tempo, morre.
Então por que somos tão apegados à tese de que a vida se cria no ato da fecundação?
Porque, antes de sermos seres inteligentes, somos o animal cuja função primordial é a procriação, a perpetuação dos nossos genes. Em razão disso atacamos ferozmente até a idéia de destruição do feto. Não nos move a razão, mas o medo de não nos perpetuarmos.
Biguaçu (SC), 14 de maio de 2007.